segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Culpados

 

A lágrima que escorre pelo rosto marcado

banhando cada suco

Amargurado

pelas tormentas que infligem  as mais severas punições

por insistir em respirar

refletir pensar

questionar

e estar vivo em sua plenitude

Culpado por não aceitar

por não querer fazer parte

de uma tragédia

escrita com garranchos e sangue coalhado

Castigado por existir

persistir

insistir

em ser quem é

sem se submeter

ou virar apenas mais uma cópia

dessas que andam por aí

ou boneco

guiado pelas cordas

suspensas por mãos sinistras

já em estado de putrefação

ou objeto decorativo

estático e sem alma

esperando pelos insetos

para preencher um interior

recheado de inutilidades


Por Fabio da Silva Barbosa


 

 

 

 

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