sexta-feira, 19 de maio de 2023

Não há mais razão

 

Buscando algum sentido para a falta de

percorrendo os caminhos tortuosos das vielas sem fim

me deparo com o corpo em convulsão

e descubro se tratar da mais nova forma de expressão

que busca retratar esse mundo que nos massacra sem piedade

sufocando e esquartejando

enquanto a morte não chega como o ponto final

a terminar com toda a agonia do pranto compulsivo

com seus espasmos aterradores

 

As andorinhas caem duras

ao posar nos fios desencapados

que levam a energia que suga

nossa capacidade de se libertar

dos grilhões que mantém nossos corpos e mentes aprisionados

nestas mentiras insuportavelmente maquiadas

como bonecas de um filme macabro

ou desenhos que ilustram um conto bizarro

daquele escritor mórbido

 

Batendo com a cabeça na parede

enquanto o outro se abraça no poste

todo empapado de fluídos corporais

parecendo trajar a mais bela roupa de gala

não podendo segurar mais a velha bengala que mantinha seu corpo decrépito em pé

só resta bater os calcanhares tipo as asas da criatura ofegante

até quem sabe conseguir murmurar aquela frase da já desgastada Dorothy

que com sua gengiva nua

destilava os odores da peste fatal

Por Fabio da Silva Barbosa


 

 

 

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