Por: Diego El Khouri
Sexta feira a noite... Em Aparecida de Goiânia (GO) um calor insuportável pousa nas construções arquitetônicas e queima a epiderme seus raios brutais de setembro. Sexta feira escaldante... me chega no celular uma mensagem do amigo aliado Edu Planchêz Maçã Silattian: Diego , Nélio morreu...
Pra mim foi um soco no estômago ler essa mensagem...
Engraçado que eu tinha passado o dia lembrando com saudade de uma certa noite na Cidade De Deus no Rio de Janeiro, época que morei nessa cidade babilônica ... Nélio , que era um grande ator, me levou para conhecer uma rapaziada nova de uma banda underground. Eles estavam afim de ajuda para desenvolverem um projeto cultural. Foi um momento muito agradável. Muito mais conscientes, sagazes e talentosos que esses playboy que andam por aí... Entre conversas e baforadas me impressionei com a reflexão apurada desses jovens. Uma visão de mundo profunda e um desejo libertário de transformação imenso. Lembrei também a gente saindo desse local as 4 da manhã e caminhando a pé até Curicica, local que morávamos e do diálogo no trajeto.
Era realmente uma época muito louca. Me mudei para o Rio de Janeiro a primeira vez em 2012. Estava com intenção de nunca mais voltar pra Goiânia , um lugar que sempre achei um tanto inóspito para pessoas como eu. A viagem foi bem maluca a lá geração beat. Quase morri no caminho. Os detalhes daria um puta livro. Estava totalmente perdido ... e morar num prédio que tinha o Nélio (um grande ator e Clown), Edu Planchêz (puta músico e poeta, um dos maiores que já vi), a querida atriz Gisela Macedo (hoje ela reside na França) e Cars (baiano que fazia cinema na UFRJ) foram cruciais para recuperar minha saúde física e psíquica.
Era realmente uma vivência louca. Arte o tempo todo, drogas, conflitos, ajuda mútua, imersões... numa noite a gente se apresentando no palco ao lado de Jorge Benjor e no outro mangueando pra conseguir alimentar.
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Hoje é domingo. Noite escaldante de setembro. Comecei esse texto na sexta e pensei esse tempo todo como prosseguir esse relato . A vivência dessa galera, tudo que aconteceu , desde as loucuras da estrada e todo o resto e pensei que seria limitador demais resumir tudo que aconteceu nesses meses de loucura criativa em poucas linhas. E realmente as vivências desse período daria um puta livro! E mencionar por cima, como estou fazendo, não dá a dimensão de tudo que aconteceu. Uma existência louca e poética como poucos. Mas ainda penso em escrever um livro contando os detalhes dessa viagem toda. Talvez uma história em quadrinhos. Já tenho o título em mente, mas por hora estou envolvido em outros projetos de arte sequencial, mas ainda vou desenvolver essa história. Deixo , portanto, uma pitada do talento desse querido amigo que fez de sua vida arte e poesia apesar da marginalidade absoluta que ele viveu... e trago comigo as memórias desse período e que sinto necessidade de um dia registrar com mais detalhes para o público. Somos outsiders da galáxia de parnaso e foda -se essa panelinhas caquéticas que cagam regras!
"Paz entre nós e guerra aos senhores sempre!"
Em Memória ao Nélio Fernando:
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