Por: Kátia Andrade
A capa me chamou bastante a atenção. Uma imagem dividida: de um lado você vê casas coloridas, sobrados bem-dispostos. Acima, em um dos telhados da casa, um pai e seu filho estão de mãos dadas, a criança por sua vez aponta para um céu estrelado — um céu bonito, limpo. Os dois estão olhando para o lado que transmite tranquilidade e beleza.
Já do outro lado vemos nuances de preto e branco, abaixo de um céu nublado e cinzento. As casas são aglutinadas, uma em cima da outra, oferecendo um visual agressivo e poluído. A arte da capa revela e denuncia claramente a discrepância de uma classe sobre a outra. A burguesia de um lado e a periferia do outro —
Debaixo de um mesmo céu, mas separados pela ilusão que o capitalismo inventou e incutiu na sociedade.
O livro tem 78 páginas da trajetória do Rodrigo, de uma forma breve, mas contundente. Rodrigo relata em capítulos curtos sua infância e crescimento em Suzano–SP, já desde menino, viveu a violência e a marginalidade que os jovens periféricos sofrem, a imposição da igreja e o seu adestramento. Demonstrando uma forte repulsa aos moldes que lhe eram impostos. Sua fuga nos becos e bares, juntamente com seus pares que se reconheciam em suas dores e lutas diárias, fora necessária para sua emancipação. Na marginalidade e nas ruas o jovem buscou se libertar das práticas onde não se via, não se reconhecia, indo ao encontro da cultura Hip Hop onde foi recebido e acolhido pelos seus. Nos livros refugiou-se, ampliando seu conhecimento e entendendo seus maiores conflitos. Tendo como base e referência de luta social MalcolmX e Martin Luther King.
O livro é a denúncia dos crimes diários que a sociedade capitalista vem realizando ao longo dos tempos. Uma ânsia pela luta por uma justiça social e humanitária.
Rodrigo deixa indicações literárias, filmografia e letras de música para o leitor consultar e refletir.
Uma leitura nada fácil e deveras amarga por seu próprio conteúdo marginal. O leitor que conhece a vida nas periferias sentirá intimidade com a história, compartilhando da raiva e descontentamento com a sociedade alienada e castrada pela burguesia.
Li muito rápido, pois a escrita do autor tem em vista ser direta e acessível a todos. Um livro que mostra como uma sociedade alienada sofre e se marginaliza enquanto a burguesia enriquece com nossa força de trabalho, nos iludindo e ludibriando com as pseudociências e as tais força maior. A classe dos debaixo, como Rodrigo descreve, vive, reproduz e caminha na violência gerada pelo maquinário que se chama CAPITALISMO. Portanto, deixo aqui minhas impressões e a certeza que não quero viver de olhos fechados e sendo engolida pelo sistema que não é humano, que fede e tem em suas vestes, manchadas pelo sangue das minorias.
Rodrigo é Rapero, ateu, marido e pai e através da sua arte canta o rap combativo.
No YouTubodigestivo:
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Massa. Me interessei.
ResponderEliminarSatisfação garantida e combustível pra luta. Entre em contato que temos os últimos exemplares.
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