terça-feira, 30 de julho de 2024

Repassando matéria sobre os manos do RAP de Combate - Pau no cu da ostentação

 Postado originalmente no http://www.h2sm.com.br/2024/07/indigestos-para-quem-o-coletivo-rap-que.html

Por Thiago Augusto Pereira Malaquias - Psicólogo Comunitário - CRP.: 13/9871 - Especialista em Direitos Humanos - UNILA - Mestrando em Psicologia Social - UFRN - Instagram: instagram.com/tapsicologo



INDIGESTOS PARA QUEM? O COLETIVO RAP QUE INFLAMA A INSURGÊNCIA CHEGA AO SEU QUARTO SOM COM CRÍTICAS SOCIAIS CONTUNDENTES

             


O coletivo Rap que Inflama a Insurgência é a junção de manos(as) engajados(as) 
na cultura Hip Hop, que atuam no subterrâneo da cultura de rua com atitude e proceder, mantendo a principiologia do 5° elemento do Hip Hop - CONHECIMENTO/SABEDORIA. Críticas contundentes, bem fundamentadas e de teor insurgente reúnem diferentes periféricos(as) de diferentes lugares do Brasil em torno desse projeto, criado no início de 2024. Desde já, vale citar que o objetivo do coletivo não é o estrelato, tampouco almejam enriquecer seus participantes com músicas de protesto vendáveis e palatáveis. O aprendizado e o fortalecimento das resistências são prioridades.

Através do Rap combativo, o coletivo visa mobilizar e inflamar pensamentos insurgentes nas quebradas e guetos. Toda produção do coletivo é elaborada de modo horizontalizado e autônomo, na qual a divisão de funções não impede a participação efetiva de todos os integrantes em todas as fases de construção de instrumentais, letras ou um vídeo. Com letras que incitam à rebeldia, que apreciam a desobediência e que expressam ódio de classe, o coletivo atinge os(as) oprimidos(as) com uma sonoridade indigesta e indomável. Afinal, combater as formas de autoridade que aprisionam e impedem a libertação da favela é uma condição necessária à luta pela emancipação humana.

Os(as) integrantes do coletivo percorrem espaços como escolas públicas e universidades, movimentos sociais e instituições, bairros periféricos e aglomerados, presídios e unidades socioeducativas. Embora reconheçam a importância dos direitos humanos e das políticas públicas, estão cientes de que esses são elementos próprios da manutenção da ordem capitalista, restando-nos a revolução. Assim, compartilham ideais libertários de superação da sociedade burguesa, autogestão, horizontalidade, apoio mútuo, entre outros. Além disso, como críticos(as), buscam informações nos livros, produzem conhecimento nas trocas de ideias e absorvem sabedoria na relação com os(as) oprimidos(as) e suas histórias de vida.

Rap que Inflama a Insurgência reflete o autêntico posicionamento de seus membros diante da realidade marginalizada, apontando para um horizonte livre de opressão e senhores, partindo do ponto de vista da periferia. É dessa forma que o coletivo segue agregando e potencializando a luta anticapitalista, anticolonial, antiestado, anticlerical, antirracista, antipatriarcal e, por fim, antissistema.


Os trampos do Rap que Inflama a Insurgência são elaborados sempre com base 
em muitas pesquisas, leituras e diálogos dentro do coletivo entre seus participantes 
e fora, junto à sociedade. As letras refletem a realidade sem maquiagem e são repletas de referências bibliográficas, por isso possuem ainda um caráter 
pedagógico. É fácil perceber nos trabalhos do coletivo uma ferramenta de ensino. 
A cada som, um vídeo lyric amador é produzido de modo independente, visando 
não a qualidade técnica/tecnológica, mas, ao dialogar com a letra e complementá-la, buscando maior qualidade crítica da crítica social.

O primeiro som lançado leva o título "Abolir a Polícia". A letra protesta pelo fim de uma instituição que promove, desde seu surgimento, o genocídio dos indesejáveis do exército de reserva. Para os integrantes do coletivo, é urgente a luta contra esse braço armado do Estado, que cada vez mais intensifica e mobiliza tecnologias de produção de morte do povo preto periférico!

Em seguida, Rap que Inflama a Insurgência lançou "Indesejáveis Sociais". Esse trabalho é uma contribuição à história dos de baixo, dos desumanizados, explorados, vencidos, oprimidos e marginalizados. A letra e o vídeo trazem o debate sobre a cruel realidade em que sobrevivem os moradores de rua, que sofrem com a violência do Estado e seus mecanismos de opressão, e também com a hostilidade da sociedade pobrefóbica.

Já o terceiro som que o coletivo nos apresenta, "Mercenários Mc's", vai muito além da banalidade de um mero ataque à cena do Rap mainstream. Também não se reduz à defesa dos antigos princípios éticos e políticos da cultura Hip Hop, princípios que declinam à medida que o Rap ascende e é esvaziado frente à sua mercantilização. "Mercenários Mc's" se distancia da superficialidade da crítica personalista individualizada e se debruça na crítica estrutural colonialista, em especial na dominação da indústria cultural imperialista. É um som provocativo, sem dúvidas; sua finalidade consiste em deflagrar discussões sobre a relação do Rap/Hip Hop com o capitalismo, segundo a lógica neoliberal.

Por último, no dia 27 de julho, o coletivo lançou seu quarto e mais novo som: "Diálogos Inflamáveis". A letra apresenta um diálogo profundamente crítico entre dois periféricos. Esse diálogo é composto por perguntas e respostas. Perguntas que, ainda que rotineiras e despretensiosas, são "repletas de sabedoria e reflexões" sobre os porquês das injustiças e problemas sociais. Respostas de cunho histórico, político, cultural e social complementam o conhecimento das mensagens contidas na letra e no vídeo.

Em suma, o coletivo Rap que Inflama a Insurgência mantém vivos os princípios de conhecimento e sabedoria do Hip Hop, abordando questões sociais urgentes. Com organização horizontal e autônoma, o coletivo prioriza o fortalecimento das resistências e o aprendizado contínuo. Suas críticas contundentes refletem a realidade dos participantes e das periferias, incitando à rebeldia contra autoridades opressoras. Ao percorrer escolas, universidades e espaços marginalizados, o Rap que Inflama a Insurgência amplia sua mensagem, posicionando-se como uma voz na luta antissistema, estimulando debates profundos e insurgentes.

Agora podemos voltar à pergunta inicial: a crítica social é indigesta para quem? É indigesta para quem produz e lucra com as opressões, mas também para oprimidos(as) que acreditam que podem, de alguma forma e em algum grau, se beneficiar delas...

Nas palavras dos membros do coletivo:

PAZ ENTRE NÓS E GUERRA AO SISTEMA, SEMPRE!!!


Confira aqui: "Diálogos inflamáveis"



Para conhecer os trampos do Rap que Inflama a Insurgência, acesse:

YouTube: youtube.com/@rapqueinflamaainsurgencia
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