sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Letras Vivas # 5 - PUS - Vinicius Canabarro

 

Livro: PUS

Autor: Vinicius Canabarro

Lançamento: Agosto/2021

Editora: Saifers



Dando sequência às leituras das obras distópicas do autor carioca Vinicius Canabarro, PUS se destaca como a mais densa e detalhada até agora. Diferentemente de seus trabalhos anteriores, esta história apresenta personagens nomeados, o que permite maior conexão e profundidade. O protagonista vive em condições precárias, em um apartamento herdado da mãe falecida, e trabalha em um emprego opressor que mal cobre suas necessidades básicas. Sua rotina já difícil é transformada por uma sequência de eventos surreais, como o surgimento de uma misteriosa bola de pus em seu corpo, que parece ter vida própria, desencadeando situações angustiantes para ele.

Ao mesmo tempo, o leitor carioca pode se identificar ou reconhecer ecos do cotidiano em um Rio de Janeiro distópico, dividido por regiões com fronteiras controladas por corporações e taxas específicas – uma crítica que soa assustadoramente plausível.


Prefiro não me aprofundar tanto nos detalhes da trama nesta resenha. O livro prende o leitor do início ao fim, embora contenha características que podem incomodar os mais sensíveis. No entanto, a curiosidade em chegar ao desfecho – torcendo pelo protagonista ou não – é instigante. Pelo menos, foi assim comigo.


Canabarro constrói personagens complexos e utiliza a narrativa para abordar temas como hipocrisia, abuso de poder, abandono social, o tratamento dado pelo Estado a moradores de rua, assédio moral e outras questões sociais que não estão tão distantes da nossa realidade brasileira. PUS não é apenas mais um livro, nem apenas mais uma distopia bem construída por Vinicius. É um espelho perturbador que reflete as aflições que muitos de nós enfrentamos.


Uma leitura que provoca, alerta e permanece ecoando na mente mesmo após o fim da história, que encerra com um ar de continuidade.


Resenha por Alexandre Chakal 


Originalmente publicada na página EM CARNE VIVA E CRUA.

https://www.instagram.com/p/DE9ybLnxFNq/?igsh=bzFib3Vyc2dyeXky


Publicada também no METAL REUNION ZINE 

https://metalreunionzine.blogspot.com/2025/01/pus-2021-vinicius-canabarro-resenha.html

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

O mímico do caos

 

Estacou do outro lado da rua e encarou a multidão

Balançava as mãos com força

Os dedos em um estranho bailado

Pareciam voar

Bateu no peito

Arreganhou a boca sem emitir som

Desfiando um vasto rosário de palavrões

Gritando em silêncio

Profetizando o caos que estava por chegar

E que para ele já estava instalado e fazia parte do seu cotidiano

Os braços cobertos de camadas purulentas

Estavam suspensos no ar

Enquanto andava de costas

Com os olhos vidrados

E a face murcha


Por Fabio da Silva Barbosa


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

O Filósofo da Maconha: a história em quadrinhos mais chapada da galáxia em nova tiragem!

 

 



Sentiu hoje um cheirinho  gostoso de mato queimado misturado com enxofre, esterco e cadáver?


Viu Algumas moscas varejeiras sobrevoando sua cabeça?


Percebeu uma presença estranha, gélida e tétrica invadindo seu espaço?


Pois, bem... Depois de um puta barulho nos subsolos clandestinos do underground a lisérgica punk Editora Merda Na Mão  anuncia que acaba de chegar nos Estúdios  Merda Pura mais uma tiragem da HQ O FILÓSOFO DA MACONHA. 


Acenda o baseado e aproveita essa oportunidade!!!

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Você não vai querer perder essa chance única de ter em mãos esse fudido quadrinho do sécuo XXI!!

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 Roteiro do escritor subversivo Fabio  da Silva Barbosa , desenhos do alucinado Diego El Khouri e prefácio do mago dos quadrinhos Ciberpajé. 

126 páginas de pura subversão e escatologia!!!


Interessados 
através do e-mail editoramerdanamao@yahoo.com ou direto com os autores nas redes antissociais da Editora Merda na Mão 

Publicando os impublicáveis 







Título: O Filósofo da Maconha 
Roteiro: Fabio da Silva Barbosa 
Desenho: Diego El Khouri 
Prefacio: Ciberpajé 
Formato: 29,5 x 21 cm 
Páginas: 126 
Gênero: HQ
Ano: 2024


Esfumaçando os becos e lugares fétidos



Cuspindo na moral e nos bons costumes!!!



Acidez Subversiva


A saga de um maconheiro nada good vibes 


Interessados no email 
E editoramerdanamao@yahoo.com 





No youtubodigestivo:




pUbLiCaNdO  oS iMpUbLiCáVeIs



terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

LEMBRAR PARA NÃO ESQUECER visita A DOR DOS QUE SENTEM

Em março de 2023, a Editora Merda na Mão lançava A DOR DOS QUE SENTEM - Diário dos abandonados pela felicidade. A obra foi escrita por Fabio da Silva Barbosa durante sua internação psiquiátrica e funciona como um diário de bordo, registrando momentos e sensações durante a luta contra a depressão e o tédio imposto por uma terapia que poderia ser mais interessante. 

A versão digital pode ser baixada em https://pt.slideshare.net/slideshow/a-dor-dos-que-sentem-dirio-dos-abandonados-pela-felicidade-pdf/256427956

A versão impressa fará parte dos relançamentos dos livros do autor que terá início em breve pela Editora Merda na Mão. Todos os livros serão revisados e terão materiais extras. 



"Não sei há quanto tempo estou por aqui e não tenho mais a

menor preocupação com isso. Antes, quando perdia a noção

do tempo, perguntava a um ou a outro, mas agora não me

interessa mais. Não penso no dia de ir ou algo que o valha.

Aquela sensação de não ter para onde ir, voltar, chegar ou

ficar já virou uma convicção. É como se aqui fosse o meu

lugar.

O NADA ABSOLUTO.

O FRUTO DO NADA

VINDO DO NADA

DE ONDE NÃO EXISTE

DE ONDE NADA EXISTE

IR, VOLTAR, FICAR – NADA DISSO FAZ SENTIDO

QUANDO DEIXA DE EXISTIR O ONDE, O PORQUE

(AQUI, ALI, QUANDO, NAQUELE...)

ESTAR ALI É TÃO DESINPORTANTE QUANTO ESTAR

AQUI

O ÚLTIMO E O PRIMEIRO SÃO MENTIRAS

SANTIFICADAS COMO DEUSES E DEMÔNIOS

SÃO APENAS FACES DA MESMA MOEDA

Mesmo tendo contemplado estas questões anteriormente,

dando até certa importância a elas, como se fossem realmente

relevantes, sinto que posso descer a velha urna funerária no

buraco e escrever na cripta.

AQUI JAZ TUDO

POIS NADA PRESTA

POIS NADA É OU ESTÁ

POIS NADA VAI, FICA OU VOLTA

JÁ QUE NADA EXISTE

NEM MESMO OS LUGARES

OU OS ESPAÇOS

PELO MENOS COMO CONSIDERAMOS

E MESMO DE OUTRAS FORMAS"


"Vejo as janelas cobertas de poeira e merda de passarinho seca
enquanto congelamos dentro de blocos de solidão e angústia."


"Estava “brincando” com alguns farelos de pão que ficaram
esquecidos sobre a mesa. Totalmente mergulhado na tristeza,
pensava sobre quantas pessoas no mundo realmente sabem sobre
a dor de se estar derretendo na mais sombria melancolia."




domingo, 23 de fevereiro de 2025

EM PRODUÇÃO PARA FUTURO LANÇAMENTO NESTA EDITORA


Carniça – A apologia da destruição – Substâncias ilícitas, crimes e outras especiarias
Terceiro quadrinho:
Carniça tira a bucha de pó do bolso e joga sobre o balcão:
- Isso é uma receita antiga dos velhos sinuqueiros.

 ====~~~~

O Filósofo da Maconha e seus amigos - Sequência da saga do Ficonha da Masofo

Quadrinho 4:
Os dois na mesma posição e lugar. O Filósofo já acendendo o novo baseado. Um baseadão.
Carniça:
- É o poder da overdose, cumpadi.
Filósofo:
- Coisa de maluco, mermão. Locurada pura.

 ===~~~

AGUARDEM


ENQUANTO ISSO GARANTAM O PRIMEIRO DA SÉRIE

NOVA FORNADA PRESTES A SAIR

ÓTIMA OPORTUNIDADE PARA QUEM AINDA NÃO ADQUIRIU

editoramerdanamao@yahoo.com

Em breve
maiores informações
AQUI
neste blog



sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Letras Vivas # 4 - Where Eagles Dare - Iron Maiden nos anos 80

 

Livro: Where Eagles Dare - Iron Maiden nos anos 80


Autor: Martin Popoff


1ª Edição: Fevereiro de 2020


Editora: Denfire




Após alguns anos que catei esse livro, decidi reler essa obra relançada pela Denfire. Reafirmo aqui sua qualidade impar. 


A editora do meu camarada Denis, sempre acertando ao trazer livros sobre ícones do Heavy Metal, fez um excelente trabalho com este livro, que se destaca na minha pequena coleção de títulos lançados pela editora.

O livro do jornalista headbanger Martin Popoff, se diferencia de outras biografias sobre a banda, muitas das quais falham em profundidade. "Where Eagles Dare' mergulha na década de 80, a fase de ouro do Iron, com uma análise meticulosa dos álbuns, desde o clássico "Iron Maiden" até o icônico "Seventh Son of a Seventh Son. Ao invés de se perder em histórias de bastidores, Popoff se concentra no que realmente importa: a música.

A tradução impecável de Paulo Gonçalves, combinada com a qualidade gráfica da edição, eleva ainda mais o valor dessa obra para o leitor brasileiro. O livro explora também registros raros como The Soundhouse Tapes, Maiden Japan e Live After Death, além dos lados B de vários singles, trazendo um contexto único para cada canção.

Popoff vai além ao criticar certos clichês criativos e questionar o status intocável de algumas músicas e álbuns, contextualizando a banda dentro da cena musical da época e comparando sua trajetória com o Glam e o Thrash Metal oitentista.

"Where Eagles Dare" não é apenas uma biografia, é um convite à reflexão sobre a trajetória da lenda viva Iron Maiden, perfeito para discussões agregadoras e também, aquelas conversas de boteco que rolam antes dos shows. É uma obra que todo fã da Donzela de Ferro deve ter em sua coleção, e que deixa a expectativa para as continuações sobre os anos 90 e 2000. Seria muito legal a Denfire relançar esses por aqui.

O livro teve uma segunda edição lançada por aqui. Acredito que ainda esteja disponível com a Editora Denfire.

https://editoradenfire.com/

Resenha por Alexandre Chakal - Fevereiro de 2025

Originalmente publicada na página EM CARNE VIVA E CRUA.

https://www.instagram.com/p/DGRBoKLSVrG/?igsh=MXBwMmNqMmxia3d1aw==

Publicada também no METAL REUNION ZINE 

https://metalreunionzine.blogspot.com/2025/02/where-eagles-dare-iron-maiden-nos-anos.html


https://editoradenfire.com/

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Versos elétricos místicos selvagens do Edu Planchêz Maçã Silattian, parceiro da Editora Merda Na Mão

 



Se tudo der certo conforme nossa programação de publicações desse ano de 2025, iremos publicar  por volta de novembro um livro de poesia do bardo alucinado Edu Planchêz Maçã Silattian, vocalista da banda clássica carioca Blake Rimbaud.  Ele participou do programa de entrevistas DEU MERDA e também do SARAU  CONTRA MÃO MERDA MUSICAL.


Deu Merda 3 - Poesia Elétrica Mística Selvagem- Parte 1:


Deu Merda 3 - Poesia Elétrica Mística Selvagem- Parte 2:


Poesia e Ayahuasca:



Contra Mão  Merda Musical:





Dá uma sacada na poesia do Edu Planchêz Maçã Silattian  pra você vê o que te espera, caro leitor:



minha poesia canta 

o fim da noite e o início do dia,

eu estou a renascer em meio aos escombros de mim mesmo,

no fundo da minha lama, dos meus gritos,

dos medos que se desenrolam feito rolos de tecido

sobre a bancada de madeira vermelha,

minha carne queima na noite ainda lava,

ainda vulcão, 

estou a renascer para além da feiuras das muralhas,

do extremo chicote, 

para a porca extrema direita

da covardia burra


e foda-se você não gosta do que aqui digo,

não me importa vossos cadeado gigantes,

vossas correntes imundas,

foda-se, o martelo dos meus versos pesam

mais que tuas falas nojentas


eu expulso do céu vossos foguetes de merda,

vossas nanicas algemas derrotadas,

pouco importa os teus trilhões de dólares,

limpo a bunda com eles,

eu sou o triturador de acéfalos,

de monstros nazifacistas,

vosso reino é pequeno diante do meu


vossas cabeças serão partidas em 7 pedaços,

em 7 farelos de pão podre

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( edu planchêz pã maçã dylan silattian )




segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Versos & Cortes: Cruz e Sousa, o poeta do Desterro

 O programa aperiódico VERSOS & CORTES do canal da Editora Merda na Mão retornou essa semana homenageando o grande poeta Cruz e Sousa (1861-1898). Maldito em vida e reverenciado após  sua morte, esse bardo simbolista deixou contribuições imensas na literatura mundial e nesse vídeo Diego El Khouri,  o outsider da galáxia de parnaso, vomita  seus versos com toda a intensidade de sua alma.



                                  Tédio 

    Vala comum de corpos que apodrecem,
              E esverdeada gangrene
     Cobrindo vastidões que fosforescem
              Sobre a esfera terrena.       
 
     Bocejo torvo de desejos turvos,
              Languescente bocejo
     De velhos diabos de chavelhos curvos
              Rugindo de desejo.       
 
     Sangue coalhado, congelado, frio,
              Espasmado nas veias...
     Pesadelo sinistro de algum rio
              De sinistras sereias...       
 
     Alma sem rumo, a modorrar de sono,
              Mole, túrbida, lassa...
     Monotonias lúbricas de um mono
              Dançando numa praça...       
 
     Mudas epilepsias, mudas, mudas,
              Mudas epilepsias,
     Masturbações mentais, fundas, agudas,
              Negras nevrostenias.       
 
     Flores sangrentas do soturno vício
              Que as almas queima e morde...
     Música estranha de fetal suplício,
              Vago, mórbido acorde...       
 
     Noite cerrada para o Pensamento
              Nebuloso degredo
     Onde em cavo clangor surdo do vento
              Rouco pragueja o medo.       
 
     Plaga vencida por tremendas pragas,
              Devorada por pestes,
     Esboroada pelas rubras chagas
              Dos incêndios celestes.       
 
     Sabor de sangue, Lágrimas e terra
              Revolvida de fresco,
     Guerra sombria dos sentidos, guerra,
              Tantalismo dantesco.       
 
     Silêncio carregado e fundo e denso
              Como um poço secreto,
     Dobre pesado, carrilhão imenso
              Do segredo inquieto...       
 
     Florescência do Mal, hediondo parto
             Tenebroso do crime,
     Pandemonium feral de ventre farto
              Do Nirvana sublime.       
 
     Delírio contorcido, convulsivo
              De felinas serpentes,
     No silamento e no mover lascivo
              Das caudas e dos dentes.       
 
     Porco lúgubre, lúbrico, trevoso
             Do tábido pecado,
     Fuçando colossal, formidoloso
              Nos lodos do passado.       
 
     Ritmos de forças e de graças mortas,
              Melancólico exílio,
     Difusão de um mistério que abre portas
             Para um secreto idílio...       
 
     Ócio das almas ou requinte delas,
              Quint'essências, velhices
     De luas de nevroses amarelas,
              Venenosas meiguices.        
 
     Insônia morna e doente dos Espaços,
              Letargia funérea,
     Vermes, abutres a correr pedaços
              Da carne deletéria.       
 
     Um misto de saudade e de tortura,
              De lama, de Ódio e de asco,
     Carnaval infernal da Sepultura,
              Risada do carrasco.       
 
     Ó tédio amargo, ó tédio dos suspiros,
              Ó tédio d'ansiedades!
     Quanta vez eu não subo nos teus giros
              Fundas eternidades!       
 
     Quanta vez envolvido do teu luto
              Nos sudários profundos
     Eu, calado, a tremer, ao longe, escuto
              Desmoronarem mundos!       
 
     Os teus soluços, todo o grande pranto,
              Taciturnos gemidos,
     Fazem gerar flores de amargo encanto
              Nos corações doridos.       
 
     Tédio! que pões nas almas olvidadas
              Ondulações de abismo
     E sombras vesgas, lívidas, paradas,
              No mais feroz mutismo!       
 
     Tédio do Réquiem do Universo inteiro,
              Morbus negro, nefando,
     Sentimento fatal e derradeiro
              Das estrelas gelando...       
 
     O Tédio! Rei da Morte! Rei boêmio!
              Ó Fantasma enfadonho!
     És o sol negro, o criador, o gêmeo,
              Velho irmão do meu sonho! 
                                   (de “Faróis”)



Título: Cruz e Sousa, o poeta do desterro

Técnica: Óleo sobre papel

Dimensões: 420 x 297 mm

Artista: Diego El Khouri




 

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Letras Vivas # 3 - Fogo nas Entranhas - Pedro Almodóvar




 Livro: Fogo nas Entranhas – Pedro Almodóvar

Lançamento: Janeiro/2000

Editora: Dantes

Páginas: 132



Escrever sobre "Fogo nas Entranhas", do mestre Pedro Almodóvar, em pleno 2025, parece piada e chover no molhado. Mas essa obra atemporal, que adquiri no início dos anos 2000, é para mim como os filmes de Quentin Tarantino: algo que preciso revisitar ao menos uma vez por ano. E, sei lá, com tanta modernidade, smartphones sendo livros, orientadores, cônjuges e até nosso entretenimento, vai que alguém, no vigésimo quinto ano pós-bug do milênio, nunca ouviu falar desse livro? Além disso, sempre faço comparações literárias com amigos e costumo mencionar que essa obra é citada como referência no meu livro Os 10 Mandamentos do Submisso, lançado em 2024.

Então, vamos lá.


Com um prefácio hilário assinado pela atriz Regina Casé, intitulado "Calor na Bacurinha", Fogo nas Entranhas é a estreia literária de Pedro Almodóvar, que não decepciona em transportar sua irreverência cinematográfica para o papel. A narrativa tragicômica mistura sexo, feminismo, espionagem e assassinatos em um enredo que beira o surreal, mas que reflete profundamente sobre as relações humanas.

O protagonista, Chu Ming Ho, um milionário chinês da indústria de absorventes, é rejeitado por suas cinco amantes e decide se vingar de todas as mulheres de Madri. Sua arma? Um absorvente revolucionário, recheado com uma espécie de pimenta, que causa um caos sexual coletivo, deixando a cidade literalmente "em chamas". Almodóvar conduz a história com diálogos afiados, personagens excêntricos e um humor ácido que faz rir e refletir ao mesmo tempo.

Dividido em capítulos curtos e visualmente impactantes, a trama surpreende ao transformar personagens inesperados em peças-chave de desfechos tão absurdos, quanto surpreendentes. Isidra, a anciã virgem, é um exemplo perfeito disso. Com humor ácido e uma narrativa que desafia tabus, o livro expõe questões de poder, ego e desejo, sempre colocando mulheres fortes no centro da história. Uma leitura ousada e deliciosamente provocativa, perfeita para quem busca arte com personalidade e paixão.


Resenha por Alexandre Chakal em Janeiro de 2025.


Originalmente publicada na página EM CARNE VIVA E CRUA.

https://www.instagram.com/p/DE7PDVLx2mT/?igsh=MXFleTQyYndiZXY1cA==


Publicada também no METAL REUNION ZINE.

https://metalreunionzine.blogspot.com/2025/01/fogo-nas-entranhas-2000-pedro-almodovar.html

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

A convocatória para a 3ª edição do D’OLHAR – Festival Itinerante de Dança e Vídeo está chegando!




E para tornar esta edição ainda mais especial, o cartaz deste ano conta com ilustrações do artista visual Diego El Khouri, criadas especialmente para o evento. 🎨🔥


Se você produz videodança, chegou a hora de compartilhar seu trabalho! Aceitamos vídeos de qualquer lugar do mundo. 🌍✨


🔹 INSCRIÇÕES ABERTAS

📅 Período: 13 de fevereiro a 31 de março

🌍 Onde se inscrever: https://filmfreeway.com/DOlhar-FestivalItinerantedeDancaeVideo 

💰 Inscrição gratuita


📲 Mais informações: www.dolhar.com.br


Não fique de fora! Participe e faça parte desse movimento! 🚀✨



sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Letras Vivas # 2 - "Autópsia Carioca - Um ensaio sobre a apatia" (2020) - Vinicius Canabarro - Resenha Livro

 

 ***

Toda sexta feira nesse blog chapado um texto novo do Alexandre Chakal, parceiro da agressiva EDITORA MERDA NA MÃO.


Mergulhe de cabeça nessa coluna  crítica

       e 

             reflexiva,

                              saia da zona de conforto,  

                 e exercite 

    os

                 seus 

                             neurônios/demônios, 

                                          porra!!



Resenha #5

Livro: Autópsia Carioca – Um Ensaio Sobre a Apatia

Autor: Vinicius Canabarro

Lançamento: 2020

Editora: Hell Music


Lá vou eu escrever sobre Vinicius Canabarro novamente. O autor de Aurora das Aberrações, resenhado aqui ontem, retorna com uma obra tão incisiva quanto necessária para o momento político brasileiro em que foi escrita. Em Autópsia Carioca – Um Ensaio Sobre a Apatia, ele conduz o leitor por uma narrativa distópica, mas perigosamente próxima da realidade, explorando um Rio de Janeiro devastado por um miasma tóxico e por uma população paralisada pela idolatria política e pela indiferença mútua — e, de seus "donos", politicamente falando.


Com um olhar cirúrgico, Canabarro transforma o caos social e político presente na trama em uma metáfora que nos faz questionar até onde vai nossa conivência com o absurdo. Se você for carioca, como quem escreve este comentário, sabe bem o que é ser conivente com absurdos, não é? Afinal, no Rio de Janeiro, como diria Marcelo D2 em uma música do Planet Hemp, “cala por bem ou vai pro mato...”.


Sob uma névoa arroxeada, o Rio sucumbe à desigualdade e ao autoritarismo, enquanto os governantes manipulam os fatos e a ciência é relegada ao esquecimento e ao negacionismo. No centro dessa distopia, o autor disseca o descaso com a educação, a ciência e a ética, revelando que o verdadeiro miasma talvez não seja o que mata fisicamente, mas o que corrói as estruturas de uma sociedade incapaz de distinguir manipulação de decisões coerentes, baseadas em observações limitadas — tanto intelectualmente quanto cognitivamente.


Escrito durante a pandemia de Covid-19, Autópsia Carioca é mais uma obra brilhante e inquietante do escritor, que reflete o Brasil de ontem e de hoje — e, quem sabe, o tal Brasil do futuro. Não tão distópico quanto no livro, mas igualmente real e triste, como já é para muitos que vagam por aí, infectados por outros tipos de miasma, bem mais concretos.


Não espere finais felizes aqui. Este livro não foi feito para confortar, mas para incomodar e provocar reflexões sobre as possibilidades que se escondem nas redes, nos noticiários parciais e que são frequentemente abafadas pela desinformação promovida, muitas vezes, por aqueles que deveriam governar, legislar e prezar pela verdade.


Resenha por Alexandre Chakal - Janeiro/2025


Originalmente publicado na página EM CARNE VIVA E CRUA


https://www.instagram.com/p/DE41qZVx87f/?igsh=OTBpeHJocGFzejNx


E também no METAL REUNION ZINE.


https://metalreunionzine.blogspot.com/2025/01/autopsia-carioca-um-ensaio-sobre-apatia.html