quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

O mímico do caos

 

Estacou do outro lado da rua e encarou a multidão

Balançava as mãos com força

Os dedos em um estranho bailado

Pareciam voar

Bateu no peito

Arreganhou a boca sem emitir som

Desfiando um vasto rosário de palavrões

Gritando em silêncio

Profetizando o caos que estava por chegar

E que para ele já estava instalado e fazia parte do seu cotidiano

Os braços cobertos de camadas purulentas

Estavam suspensos no ar

Enquanto andava de costas

Com os olhos vidrados

E a face murcha


Por Fabio da Silva Barbosa


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