Por: Nikkole Presotto
queimamos como a brasa consome o cigarro
fodendo e ardendo
serpenteio por entre nossa porra e sangue jovens
A cobra dourada, rastejando através do pantano cósmico do infinito
enquanto a grande abelha santa poliniza nossa carne exposta
Que brotando em flores assimétricas derrama a seiva de nossa efêmera existência pelo bosque mágico
O coração do tigre na bandeja dourada
Parasitas cerebrais, serpentes negras ziguezagueando dentro do crânio plástico
Uivo para cidade, a besta está solta, não tem pra onde fugir
Feras correm livres pelas ruas tortas, o sangue espesso, escorregadio, me entregue seu coração!
A hora da magia, sonhando acordada retorcendo-me entre os lençóis, dolorosa libertação
Rasgando-me a pele, metamorfoseada no terrível inseto gigante, o poderoso bater de suas asas magistrais, o zumbido elétrico põe meu mundo a vibrar
Passado esquecido, senso de identidade perdido
Tornei-me um enorme réptil, lagarto pesado, debaixo do sol, meus braços dissolvem, minhas pernas extintas
sou a serpente infinita trocando de pele, em feras e quimeras
nossos espíritos misturados ao vermelho luar na calma da noite gentil
Insanidade!
Dançam os espíritos
Fodendo com fantasmas, cara.
Nas nuvens quadriculadas
Do alto da pirâmide dourada. Da terra sagrada
Vamos ser outras pessoas
Outras coisas
Correndo, enquanto helicópteros sobrevoam nossas cabeças misturadas
e cheias de ácido
Um apolo em couro negro, derretendo em arco-íris
Pau musical
Gozo espectral
gritem nossos nomes! Gritem nossos nomes!
Sol! Sol! Sol!
E que venha a Lua! sorrindo nua
Na noite crua!
A passagem
através
do deleite
do gozo
da dor! somos demônios! anjos tentando gozar
Devolva-nos a inocência!
Estamos muito chapados
Cansados
Em chamas e cinzas! recolham! as cinzas do que nos restou.
Já fomos crianças
do novo ao antigo
Morte! Ah!
Deitada ao meu lado seu corpo brilhante!
Sua pele pálida
Pulsante
Vibra!
Vibra!
Víbora!
Seu cabelo perfumado e seu doce sorriso gelado
Me desviam de seu veneno agradável
Em nossas pupilas
abismos sombrios. Universo secreto.
E vai deslizando por suas veias monumentais
O que dizem esses hieróglifos?
Você vem comigo?
Eu sou o longo rio
até o fim pela crista da onda
Eu sou o deserto
Atravessamos
até o eterno.
S.E - N.P.
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