Mais um brinde
Gargalhadas ao ar
Só assim nos sentimos bem
Ou pelo menos melhor que sob
o bombardeio diário da rotina assassina
Acrescentando cada vez
mais insanidade
Para amortecer este grito
que insiste em sair por nossa garganta a fora
Explodindo a partir dos
pulmões, intestinos e úlceras
Chagas provenientes dos
espinhos do labirinto infernal
Sem bons modos ou bom-mocismo
Sem estar padronizado ou
domesticado por alguma teoria higienizada
Tão limpa quanto a
consciência do mentiroso que vende a salvação para os desesperados de plantão
Tão limpa quanto as
criaturas que vivem nos podres esgotos que exalam o cheiro nada fecundo de nosso
interior
O cheiro do nosso
desespero milenar
Devotos da mentira que
sustenta este sistema viciado
Tentam provar que suas
teorias mofadas tem algo a explicar
A necrose chamada vida
Não quero ser como os que
buscam se enganar só para ter algo em que acreditar
Só para poder continuar se
sentindo consciente, sóbrio ou mais inteligente que os demais
Acreditando saber das
coisas sem nunca ter beijado a boca da morte e sentido seu hálito podre
Acreditando ter explicação
para todos os fatos sem nunca ter sido embalado pelos braços da loucura
Não aceito qualquer
mentira embrulhada como verdade só para encontrar algum sentido para o
que não tem
Eu não quero uma revolução
careta, sóbria e chata que só serve a velhos amargurados querendo impor seu
novo status quo
A continuação da mesma
coisa com um leve verniz diferente
Variações do mesmo tom
O antigo fazendo vezes de
novidade
Eu quero a revolução das
pedras rolando como dados em um jogo de azar
Balançar e rolar
Dançar como atos de contorcionismo
esquizofrênico
Lançar o corpo quase morto em passos
epiléticos no quarto escuro
Dançando consigo mesmo
Sozinho sem pudor
O terrorismo poético nu e
cru como deve ser
Bem comportado é algo que
nos gera apenas azedume
Não me venha com suas
regras
Leis sujas e torpes
Meu caminho sigo sem
limites ou fronteiras
O exterminador de verdades e besteiras
*Por Fabio da Silva Barbosa
Esse cabra é um dos criadores da
Editora Merda na Mão, do Zine Reboco Caído,
da Tarde Multicultural Sem Fronteiras...
e outras coisinhas mais
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