domingo, 12 de novembro de 2023

Em um universo longe do normalismo tedioso e banal

 

Mais um brinde

Gargalhadas ao ar

Só assim nos sentimos bem

Ou pelo menos melhor que sob o bombardeio diário da rotina assassina

Acrescentando cada vez mais insanidade

Para amortecer este grito que insiste em sair por nossa garganta a fora

Explodindo a partir dos pulmões, intestinos e úlceras

Chagas provenientes dos espinhos do labirinto infernal

Sem bons modos ou bom-mocismo

Sem estar padronizado ou domesticado por alguma teoria higienizada

Tão limpa quanto a consciência do mentiroso que vende a salvação para os desesperados de plantão

Tão limpa quanto as criaturas que vivem nos podres esgotos que exalam o cheiro nada fecundo de nosso interior

O cheiro do nosso desespero milenar

Devotos da mentira que sustenta este sistema viciado

Tentam provar que suas teorias mofadas tem algo a explicar

A necrose chamada vida

Não quero ser como os que buscam se enganar só para ter algo em que acreditar

Só para poder continuar se sentindo consciente, sóbrio ou mais inteligente que os demais

Acreditando saber das coisas sem nunca ter beijado a boca da morte e sentido seu hálito podre

Acreditando ter explicação para todos os fatos sem nunca ter sido embalado pelos braços da loucura

Não aceito qualquer mentira embrulhada como verdade só para encontrar algum sentido para o que não tem

Eu não quero uma revolução careta, sóbria e chata que só serve a velhos amargurados querendo impor seu novo status quo

A continuação da mesma coisa com um leve verniz diferente

Variações do mesmo tom

O antigo fazendo vezes de novidade

Eu quero a revolução das pedras rolando como dados em um jogo de azar

Balançar e rolar

Dançar como atos de contorcionismo esquizofrênico

Lançar o corpo quase morto em passos epiléticos no quarto escuro

Dançando consigo mesmo

Sozinho sem pudor

O terrorismo poético nu e cru como deve ser

Bem comportado é algo que nos gera apenas azedume

Não me venha com suas regras

Leis sujas e torpes

Meu caminho sigo sem limites ou fronteiras

O exterminador de verdades e besteiras


*Por Fabio da Silva Barbosa

Esse cabra é um dos criadores da 

Editora Merda na Mão, do Zine Reboco Caído, 

da Tarde Multicultural Sem Fronteiras... 

e outras coisinhas mais


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