Sarau Desumano
Recitando lixo aos depósitos de detritos
aumentando a literatura da miséria nua
a cobrir a terra devastada de nossos dias
os seres totalmente desprezíveis se olham
vomitam vontades não exercidas
É terminantemente proibido o prazer
nenhum lazer que faça a pele viver
estar na vida apenas para sofrer e morrer
produzir ao abastado e desaparecer
Ir para a fábrica verdadeira prisão
alucinação gratuita de bebidas
um ferro feroz passado nas feridas
o presente sempre sem futuro
A chatice repetida da morte assistida
dentro de uma tela fria tida como carinho
são proferidas sinistras sentenças e vazios
simplesmente apertam os botões de lágrimas
o cérebro chora dentro de um quarto
o pânico abate no matadouro as crianças
O mundo humano segue sua rotina
a ferida é requerida e ganha sem burocracia
a dor povoa todos os duros corações
as multidões se dilaceram em si
perdidos indo de encontro ao vazio
Meme Vício
O ser humano
macaco de imitação
ação repetição
Meme
Aproveitar a moda
reparar
desaprovar
aprovar
comprar
Viciado no banho
dum esgoto
marketing viral
beber da fonte
Repetir de novo
Meme
Descobrir
que não há nada
de novo novamente
Memes
memética
meme vício
Eis o vício
repetir o que se diz
aparelho de Tv
celular
pra computar a dor
Ir contra a novidade
Meme
Ir a favor da novidade
Meme
Obrigado a tudo
atividades robóticas
para pessoas neuróticas
Ir ao pseudo novo
Comprar e aceitar
Memes
de novo e de novo
Memes
Religião manipulação
Faça isso
Faça aquilo
Memes
Não faça aquilo
Não faça isso
Consuma a salvação
Repetir
de
novo
novamente
tudo de novo
Balada do Solitário Infeliz
Sigo arrastado pela rua
empurrado pela forte dor
um signo de câncer sem cura
há tortura em toda quimioterapia
Eis a avenida da amargura dos dias
os muros da rua feitos de carniça
carne cadáver de intolerância e competição
nos compromissos fatiados da pressa
Observo a loja de bostas
vejo as botas que pisam para vigiar
garantindo a miséria ser bem vista
Miseráveis de terno e gravata em carros
pobreza mental para lá
milionária fraqueza pra cá
Jovens pagando por lixos
genocídios do estado gratuito
cidade para todos os lados
O caminho não não vai
eu não consigo ir não há diferença
caminho e caminho ainda mais
vejo só a solidão em passos na calçadas
Paro para ouvir a poluição sonora
alguma ofensa para consolar em letras
há algum ser por ai me escrevendo nas paredes
a solidão parece ter lhe invadido a vida
tiraram os nomes e as amizades
Deve estar sentindo frio
imagino o calor desumano
o coração vivendo danos
A rua segue suja perante uma lua
cheia de vazios aqui embaixo
fracassos por todos os lados
sento me na sarjeta espreita
sinto a sujeira inteira voar
não consigo mais caminhar
vou dormir com olhos arrancados
Me agasalho com a calçada cinza
um travesseiro de morte desconfortável
realmente um zero a esquerda sonhado
pra acordar aos pés do sucesso e morrer
Alguns links para conhecer melhor o trabalho que o MonoTelha andou desempenhando por aí:
http://monotelha.blogspot.com/
https://believe.earth/pt-br/mono-telha-o-jardineiro-que-esta-mudando-a-paisagem-carioca/
https://catracalivre.com.br/cidadania/projeto-planta-na-rua-promove-mutiroes-de-plantio/
Isso é apenas uma provinha.
Pesquise mais e saiba o quanto este mano fez em todas as frentes por onde passou.
Estamos aguardando seu retorno, meu irmão.
Força nessa luta.
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