sábado, 11 de novembro de 2023

Você conhece a poesia urbana e combativa de Mono Telha?



Sarau Desumano


Recitando lixo aos depósitos de detritos

aumentando a literatura da miséria nua

a cobrir a terra devastada de nossos dias

os seres totalmente desprezíveis se olham

vomitam vontades não exercidas


É terminantemente proibido o prazer

nenhum lazer que faça a pele viver

estar na vida apenas para sofrer e morrer

produzir ao abastado e desaparecer


Ir para a fábrica verdadeira prisão

alucinação gratuita de bebidas

um ferro feroz passado nas feridas

o presente sempre sem futuro


A chatice repetida da morte assistida

dentro de uma tela fria tida como carinho

são proferidas sinistras sentenças e vazios

simplesmente apertam os botões de lágrimas

o cérebro chora dentro de um quarto

o pânico abate no matadouro as crianças


O mundo humano segue sua rotina

a ferida é requerida e ganha sem burocracia

a dor povoa todos os duros corações

as multidões se dilaceram em si

perdidos indo de encontro ao vazio


Meme Vício


O ser humano

macaco de imitação

ação repetição

Meme

Aproveitar a moda

reparar

desaprovar

aprovar

comprar


Viciado no banho

dum esgoto

marketing viral

beber da fonte


Repetir de novo

Meme

Descobrir

que não há nada

de novo novamente


Memes

memética

meme vício


Eis o vício

repetir o que se diz


aparelho de Tv

celular

pra computar a dor


Ir contra a novidade

Meme

Ir a favor da novidade

Meme

Obrigado a tudo

atividades robóticas

para pessoas neuróticas


Ir ao pseudo novo

Comprar e aceitar

Memes

de novo e de novo

Memes

Religião manipulação

Faça isso

Faça aquilo

Memes

Não faça aquilo

Não faça isso

Consuma a salvação


Repetir

de

novo

novamente

tudo de novo



Balada do Solitário Infeliz


Sigo arrastado pela rua

empurrado pela forte dor

um signo de câncer sem cura

há tortura em toda quimioterapia


Eis a avenida da amargura dos dias

os muros da rua feitos de carniça

carne cadáver de intolerância e competição

nos compromissos fatiados da pressa


Observo a loja de bostas

vejo as botas que pisam para vigiar

garantindo a miséria ser bem vista


Miseráveis de terno e gravata em carros

pobreza mental para lá

milionária fraqueza pra cá


Jovens pagando por lixos

genocídios do estado gratuito

cidade para todos os lados


O caminho não não vai

eu não consigo ir não há diferença

caminho e caminho ainda mais

vejo só a solidão em passos na calçadas


Paro para ouvir a poluição sonora

alguma ofensa para consolar em letras

há algum ser por ai me escrevendo nas paredes

a solidão parece ter lhe invadido a vida

tiraram os nomes e as amizades


Deve estar sentindo frio

imagino o calor desumano

o coração vivendo danos


A rua segue suja perante uma lua

cheia de vazios aqui embaixo

fracassos por todos os lados

sento me na sarjeta espreita

sinto a sujeira inteira voar

não consigo mais caminhar

vou dormir com olhos arrancados


Me agasalho com a calçada cinza

um travesseiro de morte desconfortável

realmente um zero a esquerda sonhado

pra acordar aos pés do sucesso e morrer


Alguns links para conhecer melhor o trabalho que o MonoTelha andou desempenhando por aí:

http://monotelha.blogspot.com/

https://believe.earth/pt-br/mono-telha-o-jardineiro-que-esta-mudando-a-paisagem-carioca/

https://catracalivre.com.br/cidadania/projeto-planta-na-rua-promove-mutiroes-de-plantio/

Isso é apenas uma provinha.

Pesquise mais e saiba o quanto este mano fez em todas as frentes por onde passou.

Estamos aguardando seu retorno, meu irmão.

Força nessa luta.


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