"Em Mangueira
Quando morre
Um poeta
Todos choram"
*Cartola - Pranto de poeta
Tive a oportunidade de conhecer pessoalmente esta figura tão querida. Não posso dar certeza de como ou onde foi nosso primeiro encontro. Tenho a impressão de ter sido no Armazém da Silvinha, clube underground de jazz e MPB do inesquecível Branco Oliveira, que funcionava sob a fachada de bar e armazém. Mas o que importa é que nos reencontramos diversas vezes, em vários lugares. Zé da Terreira parecia estar em todas as partes ao mesmo tempo. Posso lembrar de encontros em botecos, pontos de ônibus, eventos, manifestações... E podíamos deixar de nos encontrar por muito tempo que, nos esbarrando por aí, a lembrança sempre vinha e começávamos um papo sobre algo interessante. Assuntos que não se conseguem debater por aí, ainda mais naquele tom tranquilo e descontraído de Zé.
Uma vez o encontrei com o violino feito de uma grande lata de azeite. Estava parado na calçada, observando o movimento. Passavam muitos carros, pedestres,ônibus, caminhões, motos e bicicletas. Conversamos por longo tempo e ele fez uma rápida apresentação. E assim se davam nossos encontros. Sempre enriquecedores e inesperados. Mesmo que fosse um olá, em uma rápida passada, valia a pena.
Era um apaixonado pela arte de uma forma geral. O teatro rolava solto em suas veias, a música preenchia seus pulmões... e assim recheava cada parte de seu ser e de sua existência com as diversas formas de expressões que encontrava pelo caminho e aprendia a amar. Era uma delícia ver o múltiplo artista em ação. Ao menos ouvi-lo falar sobre a cultura e o fazer cultural e artístico já era um bálsamo benigno nestes tempos feiosos de alienação e vazio absoluto em que vivemos.
Ontem passei em um dos bares por onde sempre passo, caminhando para casa, quando uma amiga me viu e soltou a notícia:
"Morre Zé da Terreira"
....
Passo a seguir alguns links de locais que noticiaram a morte de Zé da Terreira e de onde retirei as imagens que ilustram esta sincera despedida
FSB
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