domingo, 5 de janeiro de 2025

O Mal

Por Alexandre Chakal


O mal é sempre o mal.

Seja trajando roupas caras,

seja possuindo curvas corporais raras,

possui sorrisos agradáveis

e palavras estáveis.

Seduz o bem com brilho reluzente.


O mal se camufla bem.

Possui tesão incontrolável,

desejos forjados, é maquiavélico e transborda calma.

Tem falos eretos eternos,

vulvas quentes e molhadas, acolhedoras e amadas.


Ele, o mal, não é imoral.

É apenas o que deve ser.

É odiado, mas também desejado.

Traz sofrimento, mas também vingança.

Cria ilusões, mas alimenta sonhos.

O mal é apenas ele, o mal.


Ele está presente nas suas observações rasas, nas suas verdades absolutas, na sua ganância elevada, no poder desejado por ti.

Negocia todas as trocas injustas.

Advoga em causa própria e sai ileso.

Está acessível a todos,

ansiando ser escolhido por ti.


O mal é a escolha mais fácil.

O mal é o atalho acessível.

Talvez o sucesso do rancor,

talvez a ruína do amor,

talvez, quem sabe, o sentido desse ardor inexplicável.

Talvez o ódio que cria,

talvez a certeza de ser apenas o mal.


Da chama existencial que tens,

qual é a labareda que te guia no dia a dia?

Qual foi a faísca que te guiou até aqui?

Escolhes o mal ou é ele que te escolhe?


Mas fica a pergunta: por que o mal é mal?

Talvez porque o bem tenha sido corrompido.

Talvez a hipocrisia seja o bem aceito pelos seus.

Talvez. Apenas talvez.

O mal seja parte do equilíbrio necessário.

Esse mesmo!

Luz e trevas,

veneno e antídoto,

Deus e Diabo,

esquerda e direita,

dor e prazer,

bom e ruim,

certo e errado,

noite e dia,

certeza e acaso...


Quem sabe o bem seja apenas o mal sedutor?

Quem sabe o mal seja a moeda mais valiosa em vigor?


E ainda pensamos que é questão de escolha.


* "O mal" é um aforismo poético que faz parte do conteúdo que estará presente em um futuro livro do autor, ainda sem data de lançamento, o material será uma compilação de textos livres.

sábado, 4 de janeiro de 2025

Primor

 

Uma mulher linda

escultural

A perfeição

além da perfeição

Seu jeito de ser

atingindo a beleza máxima

e mesmo assim ficando mais bela a cada momento

Seus cigarros aromatizados naturalmente

Seus olhos chapados

irradiam toda a luz

iluminando minha escuridão

E nossos encontros "casuais"

que me deixam assim...

tão sem jeito

 

*Feito a partir de duas postagens na coluna Malditos Teclados Bailarinos Post Mortem, no fim de 2024


**Por Fabio da Silva Barbosa


quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

O irmão de guerrilha, Winter Bastos, divulga e nós repassamos a ideia

"Fala, malungos!
Cês tão ligados que vai rolar um festival foda no Rio, dia 1° de fevereiro? É o Woman'n'noise Fest.
Vai ser só com banda udigrudi com protagonismo feminino. O evento é beneficente pra ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade social.
O espírito da coisa é verdadeiramente alternativo, roqueiro, contracultural, porque o lance é consciente, antifa de verdade. Nada nutela. 

Será no Centro Cultural Diversa
Endereço: Rua da Carioca, 54 A
(não conheço o espaço, mas pelo endereço parece mole de chegar)
Começa às 19h
Tem umas 5 bandas pra se apresentar, fora uma roda de conversa
O preço é vinte pilas, mais um item básico de higiene."

W.B.


É com muita alegria que anunciamos o flyer da primeira edição do evento!
Além das bandas teremos uma roda de conversa, cheguem cedo para prestigiar as bandas e participar da roda!
O cast será composto por 5 bandas, todas com representatividade feminina!!!

MINISSAIA é uma banda formada apenas por minas, de Volta Redonda, cidade que fica na região Sul fluminense. Com suas letras fortes sobre machismo e sua sonoridade punk com pegadas de Riot grrl!, a banda vem ganhando destaque. Será a primeira apresentação da Minissaia na capital Carioca!

TEAR é um trio de Grindcore feminino da cidade do Rio de janeiro, formado pela necessidade de expressar o ódio feminino, com temas que abordam misoginia, exploração sexual e objetificação, misturados com uma sonoridade suja e pesada.

DRAMA é uma banda carioca de metal alternativo com influências de industrial e gótico. Na cena desde 2006, a nova encarnação da banda conta com Eddie Torres (vocal), Melissa Diabolyme (baixo), Ricardo Amorim (guitarra) e Jorge César (bateria).

TENEBRIUM um projeto de doom metal carioca iniciado em 2024, com influencias como: Candlemass, Electric Wizard e Saint Vitus. E composta por Ana Luiza, Moser e Lorenzo.

CYTOTEKA é uma banda de Punk feminista formada entre amigas, mulheres, em Outubro de 2022 na zona norte do RJ. Suas influências diretas vieram do movimento Riot grrl!, do Punk77 e até do Black Metal. Contando, atualmente, com Karina Albuquerque (guitarra), Melissa Diabolyme (baixo), Regina Batel (bateria) e Glenda Maldita (vocal).

O evento contará ainda com expositores de acessórios, brechó, piercing e muito mais! Salve a data!

Data: 01/02/2025
Local: Centro Cultural Diversa, Rua da Carioca 54 A
Entrada: R$20 + 1 item de higiene pessoal



quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

LETRA – SEM CRENÇAS EM DIVINDADES, SOBREVIVI

 

RODRIGO KTARSE

Entre vivencias e saberes de rua 
Tive vários momentos de agrura
Na infância passei pela experiência
De tortura mental na prisão igreja

Angustia, enclausuramento, martírio 
Através de cantorias, mitos bíblicos
Filmes, leituras de cartilhas
Peça de teatro e escola bíblica

Lavagem cerebral, bagulho horrível 
Docilidade e mutilação do cognitivo 
Mas com as asas da imaginação 
Eu sobrevoava os muros do templo cristão 

Pensando em divertimento e alegria
Brincadeiras e aventuras na periferia
Mas quando me deparava com a realidade 
Estava enclausurado nos muros e grades 
 
Levando sermão de pastor e lideranças 
De religiosos adestradores de crianças 
Minha presença na igreja gerava tumultuo 
Falava sem parar em meio ao culto 

Arrumava confusão com frequência 
Causando um incomodo na igreja 
A minha desobediência indigesta  
Tornava-se cada vez mais frenética 

Não adiantava as surras e xingamentos  
Até que num determinado momento 
Minha mãe teve atitude e sapiência  
Desistiu de me levar para a igreja 

Aos poucos fui potencializando a rebeldia 
Refletindo sem medo de punição divina 
Se deus existe ele odeia a alegria
E ama os impetuosos punitivistas  


REFRÃO;
Relatos de uma trajetória e vivencias
Pelos becos, vielas, escola e igrejas 
Várias aprendizados que adquiri 
Sem crenças em divindades sobrevivi

Sobreviver na periferia é traumático 
Consumo de drogas, álcool desenfreado 
Pobreza, desemprego, prostituição 
Banalização da violência, sangue no chão

Truculência da polícia, proliferação do crime
Esgoto a céu aberto, barracos de maderite 
Moradia insalubre, casebre, favelas 
Frestas nas madeiras, chão de terra

Goteiras nas telhas escurecidas 
Moveis com bolor, cheiro de fezes e urina
Desumanidade, violência extrema 
Naturalizada nos bolsões de pobreza 

As mazelas sociais, a vida turbulenta
Me fez entender que todas as igrejas 
São fugas e refúgio de pessoas sofridas 
Humilhadas pelo sistema capitalista
 
Percebi que o desespero, arrasta a rapa
Para biqueiras, bares e igrejas na quebrada 
Enquanto os fies sofrem as mutilações mentais 
Do catolicismo, espiritismo e pentecostais 

Na tela da TV é exibido e ostentado 
A esnobação dos ricos desgraçados 
Pessoas de pele branca tipo nórdico
Em mansões, apartamentos luxuosos

Esbanjando comidas e bebidas 
Felizes em praias paradisíacas  
Observo as igrejas lotadas na quebrada
Com pessoas sofridas rezando para o nada 

Tentando buscar alívio para seus aflitos
Enquanto a miséria dilacera os oprimidos 
Eu reflito; se deus existe é explícito 
Que ele odeia os pobres e ama os ricos

REFRÃO;
Relatos de uma trajetória e vivencias
Pelos becos, vielas, escola e igrejas 
Várias aprendizados que adquiri 
Sem crenças em divindades sobrevivi 

Quem teve ou tem um pai alcoolista sabe 
A violência que acarreta essa enfermidade 
Fui alvo de um pai filho da puta 
Bêbado desgraçado me batia com fúria 

Para evitar os espancamentos e surras
Eu ficava o dia inteiro pelas ruas
Me socializava aos manos da quebra
Usando drogas pelos becos e vielas

Manos que tinham uma vida desgraçada 
Problemas semelhantes ao que eu passava 
Preenchíamos nossas neuroses e veneno
Baforando tíner e cola-de-sapateiro 

Fazíamos pequenos furtos o dia inteiro  
Batendo carteira de playboy no centro 
E sempre agradecíamos ao pai celestial 
Por conseguir ter exito na vida criminal 

Nos tempos de escola igual na igreja
Odiava ficar preso naquela sala cheia 
Sem ventilação, num calor da porra 
Ficava afrontando a professora 

As regras autoritárias da disciplina escolar
Não conseguia me docilizar e adestrar 
O cantinho da reflexão era meu castigo
Olhando para a parede com crucifixo 
 
Aquela imagem horripilante e horrorosa  
De um Homem de olhos azuis e pela alva 
Com sangue escorrendo todo fudido 
Cabeça rasgada com coroa de espinho 

Pês e mãos pregadas numa cruz, vai vendo
Esse martírio, pairava no meu pensamento 
Se deus existe ele odeia a insubmissão 
E ama o sadismo da opressão 

REFRÃO;
Relatos de uma trajetória e vivencias
Pelos becos, vielas, escola e igrejas 
Várias aprendizados que adquiri 
Sem crenças em divindades sobrevivi