Resenha #10
Livro: Fábrica de Cadáveres - Do Forno ao Moedor
Autor: Fábio da Silva Barbosa
Editora: Merda na Mão
Lançamento: Agosto de 2021

Já havia resenhado este livro anteriormente aqui. No ano passado, resolvi relê-lo e decidi republicar a resenha, aproveitando essa nova fase da página.
Em Fábrica de Cadáveres - Do Forno ao Moedor, a capa, de autoria de Rafael Vaz, complementa perfeitamente o título da obra. Um título que, aliás, é bastante atual, especialmente se considerarmos o “Momento Brasil” – tanto o de 2021 quanto o de 2025.
O poeta marginal e editor do zine Reboco Caído traz uma novidade interessante nesta obra lançada pela iconoclasta Editora Merda na Mão: o formato especial do livro, de 11x18 cm. Embora considerado de bolso, é um pouco maior do que os bolsos por ai. Ainda assim, é um formato reduzido em relação a outros livros do autor, mas isso não prejudica em nada a leitura.
Sobre a obra, poderia comentar diversos aspectos deste material com pouco mais de 60 páginas, mas deixo essa descoberta para o leitor. Em resumo, quem ler, encontrará poesias marginais desprovidas de esperança, críticas sociais apresentadas sob a ótica de personagens sem nome ou com apelidos populares, muitas vezes toscos e carregados de características suburbanas.
Os textos curtos e os poemas tortos são narrados em primeira e terceira pessoa. Fica evidente que Fábio não cria ficções para rechear os temas abordados. Seus escritos soam como relatos, lamentos ou visões de mundo que poucos desejam enxergar, sentir ou carregar consigo.
Em tempos em que palavras como “empatia” e “acolhimento” ganham destaque nas redes sociais e nas grandes mídias, o autor nos apresenta, de forma crua, inteligente e sem filtros, que, muitas vezes, essas palavras não passam disso: meras palavras. Ele evidencia que ainda há muito a ser feito – ou pelo menos observado. Estamos vivendo tempos absurdos, onde o fascismo, que sempre esteve presente, hoje se mostra escancarado, expondo todas as feridas abertas de um país que escorre pus e exala podridão.
Essa é a fábrica de cadáveres que o Brasil se tornou, enquanto alguns ainda insistem em afirmar que é “acima de tudo” e abençoado por um “Deus acima de todos”.
Resenha por Alexandre Chakal
Original: Agosto de 2021
Revisada: Janeiro de 2025, após releitura do livro em novembro de 2024.
Originalmente publicada na página EM CARNE VIVA E CRUA.
https://www.instagram.com/p/DFEGJ0bSvkf/?igsh=bGRtazZqYmpxejAx
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